sábado, 27 de novembro de 2010

Zapatero e os 37

A quem recorrer quando já não há novas ideias para sair da crise econômica? Aos maiores empresários do país, naturalmente.
Essa é a nova aposta do presidente espanhol, o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, tradicional defensor da separação entre Estado e mercado. Em meio à crise do Euro que ameaça ter na Espanha a próxima vítima, ele se reuniu neste sábado com representantes das 37 maiores empresas do país para discutir soluções para a crise que não mostra sinais de deixar a Espanha tão cedo.
São nomes como Telefónica, Iberia, Santander, BBVA, Inditex (a dona da poderosa loja de roupas Zara), Corte Inglés (a mega cadeia de enormes lojas de departamentos espalhadas pelo país), Repsol, Sol Meliá e a seguradora Mapfre. Juntas, concentram nada menos que 40% do PIB espanhol - algo em torno de 500 milhões de euros. Empregam cerca de um milhão de pessoas, um número nada desprezível em um país com mais de quatro milhões de desempregados.
Foi o primeiro grande encontro de Zapatero - que sempre procurou manter distância do mercado espanhol - com os empresários do país. Na reunião, que durou quatro horas, o presidente prometeu acelerar suas reformas liberais e garantiu estabilidade econômica, em um momento de forte dúvida dos mercados com a economia do país, depois de a Irlanda quase afundar.
O presidente, que passou os últimos dias tentando acalmar os mercados, parece ter encontrado nos empresários sua âncora.

domingo, 7 de novembro de 2010

Beijo gay e protestos recebem papa na Espanha


Um beijo coletivo de 500 casais gays foi a maneira com a qual a Espanha recebeu o papa Bento XVI em sua visita ao país neste fim de semana.
Mas não foi só o beijaço que esperava Joseph Ratzinger. O papa encontrou também uma Espanha bem menos católica que da última vez que pisou por aqui, em 2006. Os católicos ainda são maioria: 73%, segundo o Centro de Investigações Sociológicas. Mas encolheram cerca de 1,5% ao ano desde 2005.
O retrato desses números esteve nas ruas nos últimos dias, onde manifestantes protagonizaram uma série de atos para protestar contra a vinda do papa (incluindo o beijaço gay, que aconteceu na frente da igreja da Sagrada Família, em Barcelona, onde Bento XVI rezou missa. Criaram até uma plataforma, chamada "Eu não te espero", que reuniu nada menos que 60 organizações contra a visita do papa.
Eles criticaram o tratamento de chefe de Estado que dado a Joseph Ratzinger e, principalmente, os gastos do governo e da igreja católica espanhola com a visita, que chegam a 600 mil euros. Também exigem do papa uma posição com relação aos abusos sexuais dentro da igreja.
Protestos à parte, o papa aproveitou a visita para alfinetar as recentes políticas liberais do governo de José Luis Rodriguez Zapatero, principalmente a flexibilização do aborto e a permissão do casamento gay. Em seu discurso em Barcelona, Bento XVI pediu que a Espanha deixe de legislar pela legalização do aborto e proteja o casamento heterossexual.
Durante a missa, o papa também consagrou o templo da Sagrada Família como basílica. Projetado pelo arquiteto Antonio Gaudí, que dedicou os últimos 15 anos de sua vida exclusivamente ao projeto, a igreja começou a ser construída no fim do século XIX. Hoje, é a marca da cidade de Barcelona, com seus traços modernos e disformes, característicos de Gaudí.
Atendendo à reivindicação de grupos nacionalistas da Catalunha, o papa rezou trechos da missa em catalão, revezando com o espanhol e o latim. Mas, como queriam os independentistas, não se manifestou sobre a autonomia da região.
Antes da missa, ele se reuniu em privado com os reis da Espanha em um encontro privado. No fim da tarde, no aeroporto, Bento XVI também se encontrou por 10 minutos com o chefe de governo, José Luis Rodríguez Zapatero, que não participou dos eventos oficiais do papa.
No sábado, em sua primeira parada no país, em Santiago de Compostela, o papa pediu diante de 200 mil pessoas que a Espanha renove a sua fé católica, numa estratégia para tentar segurar a queda de fieis no país.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Zapatero faz dança das cadeiras com equipe ministerial

Poucos dias após conseguir aprovar o orçamento de 2011, o chefe do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, anunciou nesta quarta-feira uma verdadeira dança das cadeiras na sua equipe ministerial. Seis ministros trocarão de pasta, e quatro deixarão o governo, em um movimento que está sendo interpretado como uma tentativa de Zapatero de reconquistar o apoio popular antes de terminar sua legislatura, no fim de 2011.
Com as mudanças, o novo homem forte de Zapatero será o ministro de Interior, Alfredo Pérez-Rubalcaba, responsável por assuntos como o combate ao grupo terrorista basco ETA. Ele vai acumular a pasta com a vice-presidência, substituindo a María Teresa Fernández de La Veja, que deixa o governo.
Outra substituição importante é a do ministro do Trabalho, Celestino Corbacho, que ficou conhecido como o ministro da crise, por assumir a pasta no momento em que a Espanha registrou recordes de desemprego. Ele já havia anunciado sua saída para concorrer ao governo da Catalunha. Será substituído por Valeriano Gomes, economista com boas relações com os sindicatos e que se declarou contra a reforma trabalhista de Zapatero que gerou protestos e uma greve geral no país depois de aprovada.
Além de Gomes, entra na equipe de Zapatero Leire Pajin, que hoje é secretária do PSOE, partido de Zapatero, e vira ministra de Saúde. Tida como a faceta jovem dos socialistas, ela substituirá a Trinidad Jiménez, que foi candidata derrotada de Zapatero nas primárias para o governo de Madri e passará ao Ministério de Assuntos Exteriores.
É nesta pasta que está uma das baixas mais importantes do governo, a do atual ministro Miguel Angel Moratinos. Moratinos conquistou protagonismo no governo ao assumir as funções da presidência espanhola da União Europeia, no primeiro semestre deste ano, além de liderar todos os temas diplomáticos do país.
Entre os poucos que continuam no mesmo posto, está a ministra de Defesa, Carmen Chacón, apontada como a próxima candidata do PSOE ao governo da Espanha. Para cortar gastos, os ministérios de Habitação e de Igualdade deixarão de existir.
Por causa da crise de popularidade, algumas mudanças já eram esperadas, mas a intensa remodelação anunciada por Zapatero surpreendeu até a oposição.
Em entrevista coletiva, Zapatero disse que se trata de um plano para dar mais impulso e energia na etapa final de seu governo.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

"Dilma ganhou" para imprensa espanhola

"Dilma ganhou".
Esta foi uma das frases mais repetidas hoje pela imprensa espanhola, que vive um caso de amor com o Brasil e, mais especificamente, com Lula e sua candidata, sempre citada com o apodo de "ex-guerrillera".
Daí o destaque dado à "vitória" de Dilma Rousseff, o que na maioria dos casos apareceu na frente da informação sobre o segundo turno.
O "El País", um dos primeiros jornais do mundo a noticiar, no seu site, que a petista venceria mas teria que passar por um segundo turno, deu chamada de capa para matéria sobre "vitória insuficiente da candidata de Lula". Mas destacou que ela chegou mais perto de "fazer história e se converter na primeira mulher em ocupar a presidência do maior país da América Latina". Normal para um jornal cujo diretor anunciou, há alguns dias, que o Brasil é uma das duas prioridades do Grupo Prisa, que controla o "El País", em 2011.
Os canais de notícias, que ontem destacaram análises apontando que a nova classe média brasileira iria definir as eleições, passaram o dia repetindo a frase "Dilma ganhou", acompanhada de imagens da candidata votando e recebendo um beijo de Tarso Genro.
O jornal direitista "El Mundo" veio publicou na capa que "Dilma ganha no Brasil, mas deverá ir ao segundo turno com Serra"
Mas, ao longo do dia, os sites e telejornais começaram a prestar mais atenção no verdadeiro destaque desta eleição, os quase 20% de votos de Marina Silva.
De tarde, o "El País" colocou na capa do seu site uma foto grande de uma gargalhada de Marina, em cima da frase: "Silva, chave no futuro do Brasil".
Nas TVs, Marina, mostrada repetidamente fazendo o V da vitória após votar, foi exibida como "a nova terceira via do Brasil", segundo classificou reportagem do canal CNN+.
Para José Serra, sobrou pouco espaço.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A greve da Espanha em fotos

Três meses depois da Copa do Mundo, os espanhóis voltaram a vestir-se de vermelho e a lotar a Plaza de Cibeles, em Madri. Mas, desta vez, para protestar, e não para comemorar. Tratava-se da principal manifestação da greve geral que aconteceu ontem no país.
Embora tenha conseguido paralisar boa parte dos ônibus, fábricas, comércio, coleta de lixo, a greve, que foi o principal assunto no país nas últimas semanas, acabou não colando tanto e mobilizou pouco a população.
Mas serviu para mostrar a ira dos espanhois com os recentes cortes sociais do governo esquerdista de José Luis Rodríguez Zapatero. Abaixo, alguns cliques que fiz da manifestação dessa raiva, em protesto que percorreu a Plaza de Cibeles (onde os espanhóis receberam a seleção ganhadora da Copa) até a Porta do Sol, principal ponto turístico da cidade:











segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Apático, Festival de Cinema de San Sebastián premia filme inglês

206 filmes, orçamento apertado pela crise, poucos aplausos e a presença estrelar de Julia Roberts. Assim foi o 58º Festival de Cinema de San Sebastián, no norte da Espanha, que terminou neste sábado com um certo clima de apatria entre os expectadores.
Contrariando expectativas, “Neds”, do inglês Peter Mullan, levou a Concha de Ouro -- a premiação máxima de San Sebastián. O filme, que aborda a violência sofrida por um estudante escocês na década de 1970, também saiu vencedor na categoria melhor ator, concedida ao protagonista Conor McCarron.
O prêmio de melhor diretor ficou com o chileno Raúl Ruiz, por “Mistérios de Lisboa”, longa de quase quatro horas que foi um dos poucos muito aplaudidos no festival.
Outro que também estava bem cotado, o catalão “Pa Negre”, de Agustín Villaronga, terminou vencedor na categoria melhor atriz, pela atuação da espanhola Nora Navas.
As produções catalães foram uma das marcas desta edição do festival. “Elisa K”, de Jordi Cadena y Judith Colell, ficou com o prêmio espacial do júri, pelo assunto que aborda -- um intenso mergulho psicológico na cabeça da protagonista, uma menina que é estuprada por um amigo do pai e só se lembra do episódio 14 anos depois.
E basco “Aita”, que arrancou pouquíssimos aplausos da plateia, garantiu a Concha de Prata de melhor fotografia.
As produções da América Latina também ganharam destaque no festival, que dedicou uma categoria de filmes só para cineastas da região. O mexicano “Abel”, primeiro longa de ficção do ator e diretor Diego Luna, o filme de abertura do festival, foi escolhido o melhor deles.
Prejudicado pela atual crise econômica espanhola -- houve cortes de patrocinadores e do próprio governo espanhol -- a edição deste ano do Festival de San Sebastián não conquistou os expectadores com os filmes apresentados. Na maioria das sessões oficiais, de filmes que concorriam aos prêmios principais, terminavam com aplausos pouco animadores. No anúncio das obras vencedoras, também houve poucos aplausos. Um dos pontos altos do festival aconteceu no último dia 20, quando a atriz americana Julia Roberts e o ator espanhol Javier Barden foram a San Sebastián lançar o filme “Comer, Rezar, Amar”, , do norte-americano Ryan Murphy, que protagonizam. No mesmo dia, Roberts recebeu o Prêmio Donostia do festival, que é concedido a cada edição para uma personalidade do cinema mundial.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

"Zapatero, dimisión"


Apesar de desagradar a aliados, oposição, sindicatos e até empresários, a reforma trabalhista do governo espanhol conseguiu aprovação definitiva no parlamento nesta quinta-feira. A reação imediata dos trabalhadores foi pedir, em coro, a demissão do chefe de governo José Luiz Rodriguez Zapatero.

Como na França, a reforma trabalhista de Zapatero desatou uma forte crise social na Espanha, culminando com o anúncio de uma greve geral, a primeira desde a reabertura democrática no país, no dia 29 de setembro.

Nesta quinta-feira, cerca de 16 mil trabalhadores que estavam reunidos em um encontro de sindicatos em Madri na mesma hora da votação da reforma, protestaram com fortes e duradouros gritos de “Zapatero, demissão”.

A forte rejeição à reforma está em medidas polêmicas como a flexibilização de contratos de trabalho e das demissões, isso em um contexto de uma Espanha que amarga o pior índice de desemprego da União Europeia, de quase 20% da população economicamente ativa.

Mesmo assim, a proposta conseguiu aprovação no Senado espanhol na manhã desta quinta-feira. Isso foi possível graças aos votos dos integrantes do Partido Socialista Espanhol, de Zapatero, que são maioria, e às abstenções dos membros do Partido Nacionalista Vasco, em troca de propostas suas incluídas na reforma.

Oposições da esquerda e da direita protestaram contra a aprovação. E, durante o ato dos trabalhadores nesta quinta-feira, o presidente do sindicato Comissões Obreiras, Candido Mendes, disse estar confiante de que a greve vai forçar o governo a rever os pontos do polêmico texto.

Com a reforma, as empresas poderão, por exemplo, demitir por justa causa funcionários que faltem a mais de 20% das jornadas de trabalho durante dois meses seguidos. Ou ainda só tornar fixos trabalhadores que estejam no mesmo posto, com contratos temporais, por nada menos que três anos. Ainda não há prazo para a entrada em vigor do texto, mas já é certo o alvoroço social que ela seguira causando na Espanha.

domingo, 5 de setembro de 2010

ETA anuncia cessar-fogo, mas governo não leva fé

ETA anuncia un alto el fuego en un vídeo difundido por la BBC



Depois de 51 anos de existência e de fazer 829 vítimas mortais, o grupo terrorista basco ETA anunciou neste domingo um cessar-fogo através de um vídeo. Apesar do anúncio, inédito na história do grupo, o governo e a oposição da Espanha consideraram a trégua insuficiente para iniciar um diálogo com os terroristas, que exigem a independência do País Basco, região no Norte da Espanha.
Logo após a divulgação o vídeo, feita na manhã deste domingo pela rede inglesa BBC, governo e oposição reagiram à notícia e disseram considerar o cessar-fogo insuficiente para iniciar qualquer tipo de diálogo com o ETA. O governo de José Luis Rodriguez Zapatero exige a desarticulação total dos terroristas e a entrega das armas do grupo.
No vídeo, divulgado na manhã deste domingo, três homens encapuzados aparecem em frente à câmera enquanto a voz de uma mulher anuncia o cessar-fogo. Afirma que o atentado mais recente do grupo, uma série de pequenas bombas que explodiram na ilha de Mallorca, no início de agosto, foi o último ataque terrorista do grupo. Por fim, o texto lido no vídeo diz que o grupo pretende iniciar um processo democrático para as negociações com o governo.
Mas, para analistas políticos espanhóis, que passaram o domingo avaliando o anúncio, o cessar-fogo não se trata de vontade real do grupo de largar a atividade terrorista, e sim uma tentativa desesperada de conseguir representação nas próximas eleições espanholas de outubro. Isso porque, no ano passado, os partidos políticos supostamente vinculados ao ETA, a chamada esquerda abertzale, foram considerados ilegais pela Justiça espanhola.
O ministro de Interior da Espanha, Alfredo Pérez-Rubalcaba, passou o domingo analisando o vídeo a portas fechadas junto com investigadores policiais dedicados exclusivamente a combater o ETA. No início da noite, o Ministério concluiu que o cessar fogo não cumpre as exigências que o governo vinha fazendo nas últimas semanas e, por isso, não haverá chance de legalização dos partidos supostamente veiculados ao ETA, assim como qualquer tipo de diálogo com o grupo.
Um dos argumentos é o de que o grupo não deixou claro quanto tempo durará a trégua ou se ela é permanente. Além disso, não mencionou se vai abandonar as armas, o que era uma exigência do governo para qualquer possibilidade de diálogo com o grupo.
Durante todo o dia, o anúncio do cessar-fogo do ETA foi o principal assunto na imprensa espanhola e até em redes sociais do país. Em comunicado oficial, Zapatero se disse “profundamente cético” com o anúncio.
Mas houve também reações mais conciliatórias. O ministro de Trabalho, Celestino Corbacho, pediu prudência a todos. E a esquerda do País Basco afirmou acreditar que o anúncio é um primeiro passo para uma trégua indefinida e um cenário de paz na região.
Este foi o terceiro anúncio de trégua anunciado pelo ETA ao longo de seus 51 anos de existência, mas o primeiro em que os terroristas falam em democracia e não determinam um período para o cessar-fogo.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Depois de um mês, ex-presos cubanos seguem em albergue


Mais três ex-presos cubanos chegaram nesta terça-feira a Madri, somando-se aos 20 que já estão aqui. A maioria segue hospedada em albergues e "centros de acolhida" com suas famílias e sem emprego, um forte indício da falta de preparo do governo espanhol para lidar com a acolhida de dissidentes políticos. A avaliação por aqui é que, ao mediar o acordo entre o governo cubano e a igreja católica para libertar presos políticos, a Espanha só estava de olho em retomar seu protagonismo europeu na América Latina.
Abaixo, segue matéria que fiz para a Rádio França Internacional, que pode ser escutada aqui:






Luisa Belchior, correspondente na Espanha.

(01:51)




 




 








Exilados cubanos chegam a Madri, em meio a críticas
Luisa Belchior, correspondente da RFI em Madri

Pouco mais de um mês após a chegada em Madri do primeiro grupo de dissidentes cubanos libertados pelo governo de Raúl Castro, mais três aterrissaram nesta terça-feira na capital espanhola. Os que já estão no país se queixam das más condições oferecidas pelo governo da Espanha.

Os dissidentes Efrán Fernandez, Regis Iglesias e Marcelo Cano chegaram nesta terça-feira a Madri, em companhia de 17 familiares no total. Com eles, já são 23 os ex-presos cubanos acolhidos pelo governo espanhol, a partir de um acordo fechado em junho entre a Igreja Católica e o governo de Raúl Castro. Pelo combinado, Cuba se compromete a libertar até o fim de setembro um total de 52 presos políticos, enquanto a Espanha garante recebê-los e sustentá-los durante os primeiros meses.

Na chegada no aeroporto, os cubanos acenaram e fizeram o "v da vitória" para as câmeras. Em seguida, foram levados para um hotel em Móstoles, na periferia da cidade, onde ficarão até que o governo espanhol consiga moradia para eles.

Começo difícil

Do primeiro grupo de dissidentes enviados a Madri, há mais de um mês, a maioria está até hoje à espera de casa e emprego fixo. Apenas cinco deles permanecem na capital espanhola, no mesmo albergue em que foram alojados quando chegaram. O resto foi enviado a outras cidades como Málaga, Valencia, Alicante, Gijón e Logroño.

O dissidente Omar Ruiz, que foi enviado à Málaga, contou hoje à reportagem da RFI que está alojado em um centro da Cruz Vermelha com a mulher e o filho de 12 anos. Disse que ainda não tem emprego e recebe do governo espanhol uma ajuda de custo de 103 euros mensais, cerca de 232 reais.

Apesar das dificuldades, ele afirmou que pretende permanecer na Espanha, ao contrário de outros de seus conterrâneos, que querem voltar à Cuba ou emigrar para os Estados Unidos, onde têm parentes.

O Ministério de Assuntos Exteriores da Espanha, responsável pela inserção dos cubanos na sociedade do país, afirmou que está buscando opções de moradia e trabalho para os dissidentes de acordo com o orçamento e a viabilidade de cada cidade.

Na próxima sexta-feira, outros três dissidentes serão enviados a Madri, somando assim a metade dos 52 presos políticos que o governo Raúl Castro se comprometeu a libertar.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Cruzeiro da Disney resgata imigrantes em alto mar rumo à Espanha


Em agosto, as praias espanholas não são destino só dos turistas norte-europeus. O mês é também a época com o maior número de chegadas de barcos com imigrantes irregulares às costas do país. Quase diariamente, se anuncia por aqui a descoberta de uma nova "patera", como são chamadas as embarcações de madeira abarrotadas de pessoas, sobretudo africanos, rumo a praias do sul do país e das ilhas espanholas.
Na semana passada, um cruzeiro da Disney que passeava pelo mediterrâneo resgatou um grupo de 16 pessoas que estavam à deriva e, segundo a polícia espanhola, sofrendo de hipotermia e desidratação. Ontem, foi a vez da própria polícia descobrir duas embarcações, com 68 pessoas no total, que tentavam ancorar em uma praia perto de Granada, no sul da Espanha.
Quando resgatadas, essas pessoas, em maioria africanos subsaarianos que tentam entrar de forma ilegal na Espanha, são levadas a um centro de "acolhida" (que, na prática, é de detenção) ou enviados de volta, dependendo do acordo que a Espanha tenha com seus países de origem para devolução de imigrantes ilegais.
Apesar de esta não ser a principal via de entrada ilegal na Europa (os imigrantes que entram pelo aeroporto com vistos de turistas e permanecem no continente são maioria ganham de longe), as pateras ficaram associadas à figura dos imigrantes ilegais na Espanha.
Começaram a preencher jornais e noticiários a meados da década passada, e, desde então, continuam chegando às mesmas costas para as quais também "migram" os norte-europeus todos os verões.


Disney Magic. Resgataram sexta de madrugada. Estavam desidratados.